06/04/16

perguntas dela (que também são minhas)

O 3º período começou.
Ela chegou a casa feliz e cansada e disse-me que tinha 2 colegas novos na sala dela. Disse-me os nomes e que eles tinham uma vida complicada. Perguntei se já tinha brincado com eles e se eram simpáticos. Disse-me que tinha brincado com a menina.
Ontem consegui ir busca-la à escola e contou-me que os 2 colegas não viviam com os pais. Que a vida deles era muito complicada. Que viviam numa casa que toma conta de meninos. E lembrou-se de uma instituição que já visitamos algumas vezes e fica pertinho de casa. Não sei se por delírio de imaginação ou porque assim é realmente, diz que os colegas moram na instituição que já visitamos algumas vezes.
Daí para a conversa do porque é que os pais não tomam bem conta das crianças, porque é que não tratam bem deles, porque é que a menina tem 8 anos e ainda anda no 1º ano, ao que acontece a estes meninos depois de crescerem, foi um instante.
Disse-lhe que não tinha as respostas todas. Que muitas vezes os pais não são maus, mas a vida não permite que consigam tratar dos filhos. Acabei por brincar e dizer-lhe que da última vez que lá fui sem ela, tive uma vontade imensa de trazer uma bebé comigo para casa.
 - Mas pode-se mãe? Podemos ir lá buscar uma criança para morar connosco?
Expliquei que não era assim tão simples. Que para a criança ficar connosco, teríamos que a adoptar.
 - O que é isso, mãe? Como assim adoptar? E como se faz? E quem decide se podemos ou não? E porque é que essas pessoas podem decidir?
Tantas perguntas... Explicar a uma criança de 7 anos, o que é a burocracia, porque decide a segurança social ser no melhor interesse das crianças, viverem longe dos pais, é dose.
 - Mãe, vamos voltar ao assunto da menina bebé que querias trazer contigo. Podemos lá ir vê-la? Acho que consigo convencer os senhores da segurança social que ela fica bem em nossa casa e que tu és uma boa mãe. Basta eles falarem comigo que percebem logo e não têm dúvidas. Não te preocupes que ainda temos o berço de quando eu era bebé e depois metemos outra cama no meu quarto e eu tomo conta dela.
 
Há uns anos (muitos) sempre disse que um dos meus projectos de vida passava por adoptar uma criança. Hoje tenho muito mais dúvidas. Não tenho a certeza que conseguisse amar outra criança, como amo a Maria (shame on me). Tenho essa mesma dúvida, se falarmos de um 2º filho biológico (que não faz parte dos nossos planos). Dizem que o amor se multiplica e não se divide. Eu gosto de acreditar que sim.
Tivesse eu mais certezas e era menina para voltar a sonhar...

1 comentário:

Sara disse...

Engraçado dizeres isso, porque eu sinto o oposto. Amo muito o filho que provavelmente nunca terei.
Mas já ouvi as minhas amigas que tiveram o 2º filho dizer que tinham receio de não amar o bebé que viria a nascer tanto quanto amam o filho/a, até que ele nasce!!! eheheh
Beijinhos